25 de Julho, você sabia que é o Dia da Mulher Negra?

25 de Julho, você sabia que é o Dia da Mulher Negra?
Por Letícia Benedito
Jornalista, gestora financeira, cursando pós em História e Cultura Afro-brasileira.
Foto: Portal Geledés

Bom, o dia  25 de julho é “comemorado” aqui no Brasil,  e em toda América Latina, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Se você não sabia,  traremos algumas informações referentes a este dia. De  caráter informativo, este texto vai  mostrar o porquê da existência de uma data específica para a mulher negra. Muitos podem até se perguntar:  “mas já existe o dia da mulher em março, por que ter o dia da mulher negra?” Pois bem, vamos lá então!

A princípio,  o Dia Internacional da Mulher, é um movimento que não pauta as questões das mulheres negras, ele sem querer (assim acredito),  não unifica a terminologia ‘mulher‘, pois ele não considera diversos recortes que só a mulher preta passa. E para isso é preciso que o  movimento feminista  interseccionalize as pautas, que nada mais é que:  à necessidade de olhar por uma perspectiva que permita pensar em como os sistemas de opressão – que operam a partir de marcadores sociais da diferença, tais como raça, gênero, sexualidade, classe, entre outros – interagem de modo a reproduzir e a construir desigualdades sociais. Este conceito surgiu através de análises das feministas negras – como,  Angela Davis, Bell Hooks, Patricia Hill Collins e Kimberlé Crenshaw. 

Bom!  O dia 25 de Julho é um data  de luta e resistência da mulher negra, seu o objetivo é  chamar a atenção para as condições de vida das mulheres pretas dessas regiões,  em busca da tão sonhada igualitariedade. Com isso, em 1992, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha foi criado e têm fortalecido esta luta contra a invisibilidade, e também ajudado no  enfrentamento a estes problemas que fazem parte do cotidiano de cada mulher preta. E é sempre bom falar, que o  protagonismo da mulher negra na luta por direitos e igualdade de gênero ganha-se  cada vez mais espaço. Mas há controvérsias, pois a real realidade vivida pela mulher negra nos dias de hoje,  é um resquício dos anos de desigualdade do período colonial, escravocrata e patriarcal. As mulheres latinas americanas em geral enfrentam o machismo e desigualdades no mercado de trabalho, já com a mulher negra esses conflitos são maiores, o combo de problemas vem com um ônus a mais: os problemas raciais, como o racismo e a estereotipação do corpo negro, que muitas das vezes está ligado à hipersexualização. Por conta disso, em  2013 foi publicado pela ONU Mulheres em parceria com o IPEA,  o “ Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil”,  que mostrou o impacto do racismo e do sexismo na vida dessas mulheres, tanto na educação,  mercado de trabalho, na economia, os impactos da pobreza, a  desigualdade de renda, e o não acesso à justiça. 

Assim,  ficou evidente que existia uma diferenciação até mesmo dentro dos movimentos feministas, (como já citamos acima), ao tratar as questões das mulheres negras. Então,  se fez necessário criar  uma data que nos representasse. E ela  foi criada,  a partir do primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana. E aqui no Brasil,  enfatizamos também no dia  25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela. Uma líder quilombola, símbolo da resistência contra a escravização.

Porém lembre-se sempre:  o real motivo da data não é festejo, é conscientização!  reflexão, é um momento, um espaço,  que podemos enraizar ainda mais a  luta antirracista e antimachista. Algo que deve estar no nosso cotidiano, tanto na vida  da mulher preta e branca, como do homem também.  Se fazer necessário ter essa data só mostra o quanto vivemos em uma sociedade desigual, que não reparar seus erros e dores, e quem acaba pagando  por isso é a minoria que sempre levou sobre si, o peso da opressão. 

“Eu não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes delas sejam diferentes das minhas.” – Audre Lorde

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