A representação do preto (a) na política brasileira
Dentre as suas opções de voto tem algum candidato ou candidata preta? No seu município, quantos pretos (as) estão concorrendo aos cargos políticos? Bom, e se eu disse para você que mesmo sendo mais da metade da população brasileira, aproximadamente 56% entre pretos e pardos, isso não se reflete na representação política. “A ausência de negros no Parlamento representa um contrassenso, em que a minoria passa a resolver os problemas da maioria”, afirma o cientista social Osmar Teixeira, autor de uma tese de doutorado sobre a representatividade da população negra no Legislativo. E este estudo de Teixeira concentrou-se apenas no estado de São Paulo, mas, segundo ele, evidências apontam que a dificuldade de negros serem eleitos é um fenômeno nacional. Ele ouviu candidatos negros vitoriosos e derrotados, eleitores negros e dirigentes de partidos.
Na maior parte dos partidos, negros ainda são minoria nas executivas nacionais (cargos de direção), responsáveis por definir, por exemplo, quem será candidato e como a verba do fundo eleitoral será distribuída. Em 17 dos 24 partidos com representação no Congresso, a participação de quem se autodeclara negro ou pardo nas cúpulas partidárias vai de zero a 41%, segundo levantamento feito pelo Estadão. A baixa representatividade de negros em cargos de decisão não é exclusividade dos partidos políticos. A participação de pretos ou pardos em cargos gerenciais de empresas é de 29,9%, de acordo com a pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, divulgada no ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número também é baixo na academia. Na Universidade de São Paulo (USP), 2,2% dos professores se autodeclaram negros, segundo dados de 2018 da universidade. No Brasil, 55,8% da população brasileira é negra, também segundo o IBGE. Então o âmbito da política é apenas uma extensão do que é a sociedade, a estrutura, desigual e racista!
Mas como mudar este baixo número de pessoas pretas em cargos políticos? Simples, vote em um preto! Eu falei sim né, mas não é tão simples assim. Pois há nisto um trabalho de reeducação, e um trabalho antirracistas. Porém eu sei como será bom para todos ver caras pretas dentro de congressos e parlamentos. A gente precisa ocupar uma mesa com pessoas negras para falar de outras pautas que não sejam sobre negros. Nós temos capacidades (desde o surgimento da civilização africana, lá em África), de falarmos e fazer outras coisas, que não seja apenas coisas que envolve as questões raciais, que sim é a nossa primeira pauta de luta. Mas a gente é capaz de discutir outros assuntos! E trazendo a mulher negra para o ponto de exemplo, ela é a mais prejudicada; quando ela pega o microfone, há tentativa de infantilizar a fala dela. Então garantir maior participação da população preta na política, além de ser um processo de reparação histórica é também uma forma de promover a democracia e a pluralidade de vozes nos espaços de tomada de decisões.
Mas tá bom, sabemos de todas as principais taxas desiguais, que mesmo se um percentual considerável de políticos pretos se candidate, a arrecadação que conseguem para investir em suas campanhas é baixa, mesmo os gastos sendo menores do que dos brancos. Isso tudo acontece porque não possuem um apoio tão concreto de seus partidos para suas candidaturas e nem sempre personalidades que lutam por suas causas hoje em dia se candidatam. Então a primeira questão aqui é, precisamos reeducar a política do povo! Antes de buscarmos uma solução, de fato, para a desigualdade racial entre os políticos no Brasil, vale ressaltar alguns pontos. Como dito antes, ela surge por uma série de outros fatores, a raiz está mais no fundo. Não basta apenas uma atitude para que tudo se resolva, ou esperar que as coisas mudem de repente. Sobretudo ter conjuntos de políticas públicas voltadas para a igualdade social no Brasil. Isto tanto no setor comercial (sanar as diferenças salariais) como cultural (intolerância), educacional (acesso à educação de qualidade) e afins. Sempre trazendo o discurso de salientar que o racismo no Brasil existe. E aceitarmos isso logo, tão logo vamos conseguir avançar.